O belga Remco Evenepoel (Deceuninck-Quick-Step) conquistou hoje a Camisola Amarela da 46.ª Volta ao Algarve Cofidis, depois de triunfar na segunda etapa, 183,9 quilómetros, entre Sagres e o alto da Fóia, onde a meta coincidia com um prémio de montanha de primeira categoria.
O prodígio, 20 anos, fez uma corrida perfeita, auxiliado, nos momentos decisivos, pelo jovem português João Almeida, que impôs o ritmo no grupo dos favoritos nos derradeiros dois quilómetros, garantindo que o chefe-de-fila tivesse condições para atacar com a meta à vista.
Depois de a UAE Team Emirates ter imposto um ritmo forte e de a Astana Pro Team ter tentado partir do grupo dos candidatos, Simon Geschke (CCC Team) desferiu um ataque a 2500 metros da chegada, anulado por João Almeida. O corredor das Caldas da Rainha manteve uma pedalada forte, impedindo novas movimentações, até que, a 300 metros do fim, Remco Evenepoel atacou para a vitória.
O belga cortou o risco com 4h46m38s, batendo por uma nesga o campeão da Alemanha de fundo Maximilian Schachmann (Bora-hansgrohe), que recuperou e quase conseguia vencer a tirada. O terceiro, a 2 segundos, foi o irlandês Daniel Martin (Israel Start-Up Nation).
Tal como se desejava, para manter o interesse da corrida até final, a luta pela Camisola Amarela Visit Algarve será acesa, com pouco mais de meio minuto a separar o primeiro do 15.º da geral. No topo está Remco Evenepoel, com o mesmo tempo de Maximilian Schachmann. Rui Costa (UAE Team Emirates), quarto na etapa, é o terceiro da geral, a 2 segundos do comandante, tal como Daniel Martin e Tim Wellens (Lotto Soudal), quarto e quinto, respetivamente.
Além da camisola amarela, Remco Evenepoel é dono da Camisola Branca IPDJ, de melhor jovem, e da Camisola Azul Lusíadas, de melhor trepador. Fabio Jakobsen (Deceuninck-Quick-Step) segurou a Camisola Vermelha Cofidis, dos pontos. Por equipas comanda a Astana Pro Team.
“Sabíamos que os últimos 1500 metros da subida poderiam ser decisivos, por causa do vento, e por isso a nossa missão era aguentar o ritmo da subida e procurar, na parte final, uma oportunidade para atacar. A equipa protegeu-me bem, o meu colega João Almeida deixou-me em boa posição e ataquei confiante nos últimos 300 metros. Vencer deixa-nos felizes mas, na vida, há coisas mais importantes. O filho do meu colega de equipa Nikolas Maes morreu recentemente e, por isso, a minha vitória é-lhe inteiramente dedicada. A nossa equipa está unida e é solidária. A corrida amanhã tem nova oportunidade para o Fabio Jakobsen e esse é agora o nosso próximo objetivo antes do Malhão e do contrarrelógio final”, descreve Remco Evenepoel.
Antes das decisões na montanha, mostraram-se Michael Schar (CCC Team), Casper Pedersen (Team Sunweb) e Dries de Bondt (Alpecin-Fenix), que formaram a fuga do dia, logo ao quilómetro 12. O pelotão deu-lhes rédea curta, não deixando a diferença chegar aos três minutos.
A W52-FC Porto foi a responsável pelo ritmo do grupo ao longo da maior parte da jornada, mas a UAE Team Emirates assumiu a perseguição, com uma pedalada mais rija, à entrada dos 40 quilómetros finais, deixando claro que a fuga estaria condenada, o que se confirmaria a 20 quilómetros da meta.
A UAE Team Emirates prosseguiu o endurecimento na subida de Pomba, curta, mas muito inclinada, reduzindo drasticamente o pelotão, fazendo a primeira seleção para o espectáculo que se veria na escalada ao ponto mais alto do Algarve.
Após a montanha, amanhã espera-se que o protagonismo regresse aos velocistas, na viagem mais longa da corrida. A terceira etapa vai ligar Faro (11h50) a Tavira (17h00, ao longo de 201,9 quilómetros. Os corredores vão encontrar metas volantes em São Brás de Alportel (km 18,4, 12h31), Alcoutim (km 64,9, 15h20) e Vila Nova de Cacela (km 190, 16h36) e dois prémios de montanha de terceira categoria, Portela da Corcha (63,4, 13h35) e Cachopo (km 78,3, 13h56).