Dia de subir ao Alto do Malhão (duas vezes), mas com o pensamento no contrarrelógio. Na quarta etapa da 49ª edição da Volta ao Algarve jogou-se em duas frentes entre os que vão apostar forte este domingo em Lagoa e os que procuraram ganhar preciosos segundos para se defenderem melhor no derradeiro dia da corrida.
O Malhão mais uma vez não desiludiu. Aqueceu-se na primeira passagem, acelerou-se na segunda. Thomas Pidcock (INEOS Grenadiers), Ilan van Wilder (Soudal Quick-Step) e Kevin Vermaerke (DSM) adiantaram-se na fase final e foi então que apareceu João Almeida. O português da UAE Team Emirates conseguiu juntar-se, tentou ganhar vantagem, mas Pidcock não deu hipótese.
O britânico ficou atento na roda e arrancou para a vitória no Malhão a 150 metros da meta. Almeida foi segundo (a um segundo), seguido de Ilan van Wilder (a cinco). O vencedor no Malhão em 2022, Sergio Higuita (BORA-hansgrohe) foi quarto classificado. Magnus Cort Nielsen (EF Education-EasyPost) não aguentou o ritmo desta feita e entregou a Camisola Amarela Turismo do Algarve a Pidcock.
“É muito bom finalmente vencer. Penso que, como equipa, não estivemos muito bem em duas ocasiões, nas quais poderíamos ter ganho. Ontem [sexta-feira], o Filippo [Ganna] estava forte e poderia ter ganho. No segundo dia, depois do brilhante trabalho que fizemos no último quilómetro, complicámos um pouco na aproximação à meta e acabámos surpreendidos. Hoje [sábado] era um dos dias decisivos e tínhamos que assegurar que fazíamos bem as coisas”, recordou Pidckock.
O britânico admitiu que não sabia que a meta era um pouco mais acima do que na primeira passagem pelo Malhão. “Ataquei, pensando que a meta era no topo da subida, como aquando da primeira passagem, e não contava quando virámos à esquerda, até porque me faltavam uns 70 metros para o risco. Cheguei a pensar que poderia ser ultrapassado, mas nestas situações não se quer pensar muito. O importante é dar tudo até ao fim”, salientou.
“Amanhã é um contrarrelógio. Não há outro plano que ir no limite do princípio ao fim”, acrescentou.
Na geral, Pidcock tem cinco segundos sobre Ilan van Wilder e sete sobre João Almeida. Porém, há dois ciclistas que vão centrar muito as atenções. Filippo Ganna (INEOS Grenadiers) e Tobias Foss (Jumbo-Visma) estão a 31 e 32 segundos, respetivamente. Falamos de um bicampeão do mundo de contrarrelógio e o atual campeão mundial da especialidade. Este domingo em Lagoa terão 24,4 quilómetros para tentar “saltar” para o primeiro lugar da Volta ao Algarve.
Fechadas ficaram as classificações dos pontos e da montanha. Magnus Cort Nielsen, vencedor na Fóia e em Tavira, conquistou a Camisola Verde Crédito Agrícola, enquanto a Azul Cyclin’Portugal pertence a Kasper Asgreen (Soudal Quick-Step), que esteve na fuga do dia.
A Camisola Branca IPDJ também mudou de dono, com Oscar Onley (DSM) a ser agora o líder da classificação da juventude.
A quarta etapa foi a mais curta em linha da 49ª ao Algarve. O pelotão partiu de Albufeira para os 177,9 quilómetros, sendo dia de subir ao Alto do Malhão, com duas passagens na subida de 2,6 quilómetros, com uma pendente média de 9,2%.
Soudal Quick-Step, Trek-Segafredo e Groupama-FDJ jogaram as suas cartadas logo no arranque, colocando Kasper Asgreen, Mathias Vacek e Lewis Askey, respetivamente, na frente. O trio foi a fuga do dia, mas a pensar na ajuda aos seus líderes e não tanto em ganhar a etapa. A diferença aproximou-se dos cinco minutos, mas os três ciclistas foram apanhados a pouco menos de 40 quilómetros da meta.
Esta presença na frente de corrida fez com que o ritmo fosse muito elevado, acima dos 40 quilómetros/hora. Kasper Asgreen foi o primeiro nas terceiras categorias da Picota (47,1 quilómetros), Vermelhos (111,1) e Alte (140,4). Assumiu a liderança da classificação da montanha, “tirando” então a Camisola Azul Cyclin’Portugal a António Ferreira (Kelly-Simoldes-UDO).
O dinamarquês nem ficou no grupo quando se iniciou a primeira subida do Malhão, mas, o que fez antes, valeu-lhe a eleição do público como o mais combativo do dia. Foi também o primeiro na meta volante em São Brás de Alportel.
Mas o que mais se queria ver era como seria enfrentada a dupla passagem no Malhão. Na primeira, Rémi Cavagna (Soudal Quick-Step) e Kobe Goossens (Intermarché-Circus-Wanty) destacaram-se. A diferença para o grupo que incluia o Camisola Amarela Turismo do Algarve, Magnus Cort Nielsen (EF Education-EasyPost) esteve perto dos 40 segundos.
Porém, não resistiriam, pois equipas como a UAE Team Emirates e a INEOS Grenadiers trabalharam para garantir que João Almeida e Thomas Pidcock discutiriam a etapa (e a geral).
Depois de quatro etapas intensas e com a classificação geral por decidir, o contrarrelógio de Lagoa promete muita emoção.