Nova vitória para Magnus Cort Nielsen num final espetacular em Tavira

Respire-se fundo que a terceira etapa da 49ª Volta ao Algarve foi de perder o fôlego perante o espetacular final! O ciclismo não é linear. A chegada a Tavira é uma tradicional ao sprint, mas perante a qualidade dos ciclistas presentes, assistiu-se a um ataque que frustrou os planos dos velocistas. Magnus Cort Nielsen foi o protagonista principal pelo segundo dia consecutivo.

No Alto da Fóia bateu os melhores trepadores, em Tavira surpreendeu os sprinters. O dinamarquês da EF Education-EasyPost é bem conhecido por acreditar que tudo é possível e está a mostrar isso mesmo na Volta ao Algarve.

Duas vitórias não só lhe valem a Camisola Amarela Turismo do Algarve, como as bonificações (10 segundos por triunfo e mais seis da meta volante) fazem com que se intrometa definitivamente entre os que começaram a corrida como favoritos.

“Não estava nada à espera, nem foi nada planeado. Na verdade, a ideia era passar a etapa de forma mais confortável possível e nem sequer disputar o sprint”, admitiu Magnus Cort Nielsen.

Com a etapa do Alto do Malhão e o contrarrelógio individual por disputar, a luta pela geral na Volta ao Algarve está emocionante, depois da tirada em linha mais longa: 203,1 quilómetros.

Até parecia que iria ser um dia com uma história idêntica a edições anteriores, na chegada a Tavira. Parecia… mas não foi! Aqueles 25 quilómetros finais tornaram esta etapa uma das que será difícil esquecer.

Os ataques para formar uma fuga começaram logo na saída em Faro e foram as equipas portuguesas que procuraram ter protagonismo.

Gonçalo Amado (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), Pedro Andrade (ABTF Betão-Feirense), Daniel Viegas (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), Aleksandr Grigorev (Efapel Cycling), Fábio Costa (Glassdrive-Q8-Anicolor) and Guillermo García (Rádio Popular-Paredes-Boavista) foram os seis ciclistas que disputaram os dois prémios da montanha, assim como prémio da combatividade.

O detentor da Camisola Azul Cyclin’Portugal, António Ferreira (Kelly-Simoldes-UDO) não entrou na fuga e Grigorev aproveitou para “dizer” que também está interessado na classificação. Foi o primeiro nas terceiras categorias de Portela de Corcha e Cachopo, estando agora a três pontos do líder.

Com a Soudal Quick-Step e a INEOS Grenadiers atentas no pelotão, a diferença da fuga nunca foi muito além dos três minutos. Tavira parecia estar destinada a ter um habitual final ao sprint…

Os homens da frente foram sendo apanhados dentro dos 50 quilómetros finais, com Fábio Costa a resistir até aos 30. O público nomeou-o mais combativo e o corredor português subiu ao pódio.

Foi na meta volante em Vila Real de Santo António, a 25 quilómetros da meta, que um grupo de candidatos à geral foi à procura das bonificações. O Camisola Amarela Turismo do Algarve não só estava atento à movimentação, como foi somar mais um preciosos segundos (seis), batendo a ilustre concorrência.

E foi o início de um final louco. Com Magnus Cort Nielsen estavam Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) e Tom Pidcock (INEOS Grenadiers) – segundo e terceiro na meta volante, respetivamente – e ainda Filippo Ganna (também da INEOS Grenadiers), Tobias Foss (Jumbo-Visma) e Valentin Madouas (Groupama-FDJ). Um grupo de luxo que ficou na frente da corrida e obrigou o pelotão a trabalho extra.

“Não tinha a intenção de continuar o esforço, mas os homens da INEOS e o Tobias Foss passaram por mim e desafiaram-me, ‘vamos lá’ e aproveitei a oportunidade. Reunimos um excelente grupo na frente e rodamos os últimos 25 quilómetros num contrarelógio por equipas perfeito”, realçou o ciclista da EF Education-EasyPost.

A vantagem chegou a rondar os 25 segundos e só na curva para a entrada da reta da meta, foi apanhado. Porém, se na Fóia Magnus Cort Nielsen soube como bater Ilan Van Wilder no risco de meta, em Tavira soube escolher o momento certo para atacar. Precisamente na curva a 300 metros da meta. Ganna respondeu, os sprinters Jordi Meeus (BORA-hansgrohe) e Paul Penhoët (Groupama-FDJ) foram os que ainda tentaram cumprir o final tradicional. Sem sucesso.

“Sabia que tinha uma derradeira oportunidade de abrir o sprint mais cedo e conseguir uma pequena vantagem. Arranquei e ninguém me conseguiu passar”, realçou o vencedor.

Na geral e na véspera da etapa do Alto do Malhão, Magnus Cort Nielsen tem agora 18 segundos de vantagem sobre Rui Costa, que subiu ao segundo lugar, tendo sido sétimo na etapa. O belga Ilan van Wilder (Soudal Quick-Step) é terceiro, a 20.

O dinamarquês passou também a ser o detentor da Camisola Verde Crédito Agrícola, enquanto o compatriota Frederik Wandahl (BORA-hansgrohe) manteve a Branca IPDJ, símbolo da juventude.

CLASSIFICAÇÃO COMPLETA