Remco Evenepoel conquista Volta ao Algarve pela terceira vez

Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) confirmou o favoritismo e celebrou a vitória na geral da 50.ª Volta ao Algarve. Na derradeira etapa, o belga resistiu a todos os ataques e chegou ao Alto do Malhão no segundo lugar, atrás de Daniel Martínez (BORA-hamsgrohe), garantindo a conquista da prova algarvia pela terceira vez na carreira e igualando o recorde de Belmiro Silva (venceu em 1977, 1981 e 1984).

“Estou feliz com esta terceira vitória. É uma sensação muito agradável vir aqui e ter uma semana muito bem-sucedida para regressar a casa com três vitórias e dois segundos lugares. Quando Van Aert atacou, ficámos calmos, acho que se pode ver na televisão. Tivemos de sacrificar muita energia dos rapazes porque eles perseguiram um pouco mais cedo do que esperávamos. Mas acho que mostrámos como esta equipa é mentalmente forte. Nunca entramos em pânico numa determinada situação, especialmente como a que o Wout criou”, destacou o vencedor da 50.ª Volta ao Algarve no final da etapa.

“Tive de fazer a subida final com a pedaleira 54. Tive um problema mecânico, não conseguia passar para a mudança pequena. Foi uma pena, porque fazer uma subida com rampas que rondam os 20 por cento com 54 é bastante difícil. Isso deu cabo das minhas pernas, mas acho que na minha cabeça fiquei bastante calmo. É uma pena, porque sou um tipo que gosta de andar com uma cadência alta. Especialmente na primeira parte, acho que me deu cabo das pernas. E a minha aceleração foi um pouco menor no final, devido à grande perda de potência causada pela engrenagem mecânica. Mas a vida é assim mesmo, acho que há coisas piores”, confidenciou ainda Evenepoel.

A quinta e última etapa da Volta ao Algarve, uma tirada de 165,8 quilómetros desde Faro até ao icónico Alto do Malhão, foi ainda mais emocionante do que seria de prever. Após algumas tentativas de fuga iniciais, a luta começou na primeira Meta Volante Crédito Agrícola, na qual Gerben Thijssen (Intermarché-Wanty), primeiro, solidificou a liderança nos pontos, e Jan Tratanik (Team Visma | Lease A Bike), segundo, procurou garantir as bonificações para a luta pela geral.

Na subida para a Picota (3.ª cat., km 43,8), primeira das contagens de montanha da etapa, o pelotão partiu e Wout van Aert (Team Visma | Lease A Bike) passou em primeiro, mas não tardou até reagrupar. Seguiu-se uma fuga de 20 ciclistas, que chegaram a ter uma vantagem estabilizada nos três minutos. Porém, foi na subida para Alte (3.ª cat, km 128,3), a cerca de 40 quilómetros da meta, que a corrida animou verdadeiramente.

Wout van Aert atacou e levou consigo Ben Healy (EF Education-EasyPost). Os dois ciclistas alcançaram a cabeça da corrida quando faltavam percorrer cerca de 30 quilómetros, com uma vantagem de 1m40s para o pelotão onde seguia Remco Evenepoel, suficiente para dar a camisola amarela virtual a Van Aert e deixar em alerta os homens da Soudal Quick-Step.

A dupla de fugitivos, juntamente com Gijs Leemreize (Team dsm-firmenich PostNL), único resistente da fuga inicial, isolaram-se na frente de corrida e passaram pela primeira vez no Malhão com 1m10s de vantagem sobre o grupo do camisola amarela. A diferença, no entanto, não parou de diminuir para o pelotão liderado pela Soudal Quick-Step, que travou a ousadia de Wout van Aert e alcançou os fugitivos já dentro dos dois quilómetros finais.

No último quilómetro, a BORA-hansgtohe endureceu o ritmo no grupo dos favoritos, porém, Remco Evenepoel resistiu mais uma vez e até foi o primeiro a acelerar para a vitória na etapa. O belga acabou por não o conseguir, mas, tal como na Fóia, chegou logo a seguir e com o mesmo tempo de Daniel Martínez, que venceu a etapa com 3h55m35s (média impressionante de 42,227 km/h). Thomas Pidcock (INEOS Grenadiers), que havia vencido no Malhão em 2023, fechou o pódio da etapa.

“Fizemos um excelente trabalho de equipa. Quando Van Aert atacou, o diretor desportivo disse-nos pelo rádio para ter calma, porque ainda era muito longe da chegada. Foi um fantástico trabalho de equipa. Queria muito ganhar aqui, onde já fui segundo, há dois anos. É a etapa mais dura da Volta ao Algarve”, explicou Daniel Martínez depois de juntado a vitória no Malhão à que já havia conseguido na Fóia.

O segundo lugar foi mais do que suficiente para coroar Remco Evenepoel como o vencedor da 50.ª Volta ao Algarve, pela terceira vez, garantindo a Camisola Amarela Turismo do Algarve com um tempo final de 18h45m53s. Daniel Martínez, vencedor da edição de 2023, terminou na segunda posição da geral, a 43 segundos, e segurou a Camisola Azul Água é Vida, da montanha. Jan Tratnik foi terceiro, a 1m21s.

“É claro que gosto muito de correr aqui, é sempre um nível elevado. E é sempre uma corrida muito boa para testar as pernas no início da época. Gosto muito de cá estar, o país, os adeptos, as estradas, toda a gente e tudo é super agradável. Por isso, não sei quanto ao próximo ano, mas de certeza que vou voltar”, referiu ainda o campeão do mundo de contrarrelógio depois de ter igualado o recorde de vitórias na Algarvia.

Nas restantes classificações, Gerben Thijssen (Intermarché-Wanty) segurou a Camisola Verde Crédito Agrícola, dos pontos, e o jovem português António Morgado (UAE Team Emirates), que terminou em 10.º na geral, recuperou a Camisola Branca IPDJ, da juventude. Entre as equipas, a Team Visma | Lease A Bike terminou na liderança.

CLASSIFICAÇÕES COMPLETAS