Contrarrelógio recorde de Asgreen. Geral em aberto para o Malhão

Dia de recordes em Lagoa e com a luta pela camisola amarela ao rubro. Ethan Hayter (Ineos Grenadiers) caiu no contrarrelógio de Lagoa, mas ainda assim conseguiu não só manter a camisola amarela, como ganhou 12 segundos a João Rodrigues (W52-FC Porto). Já Kasper Asgreen foi perfeito e assim tinha de ser, pois antes dele já dois ciclistas tinham batido o recorde deste percurso. O dinamarquês aumentou para três as vitórias da Deceuninck-QuickStep na Volta ao Algarve em quatro etapas e reentrou nas contas da geral.

Antes dos que ambicionam a Camisola Amarela Turismo do Algarve entrarem em ação, o contrarrelógio de Lagoa assistiu a duas exibições de dois dos melhores ciclistas dos respectivos países. Primeiro foi Benjamin Thomas (Groupama-FDJ) a mostrar porque era um dos favoritos à vitória. O francês cumpriu os 20,3 quilómetros em 24:01 minutos, batendo assim o recorde de Remco Evenepoel, estabelecido em 2020, no dia em que garantiu a conquista da Volta ao Algarve (24:07).

Se o tempo de Thomas colocava em sentido outros pretendentes ao triunfo, Rafael Reis demonstrou porque é um dos melhores contrarrelogistas portugueses. O ciclista da Efapel revelou estar em boa forma na sua especialidade e estabeleceu a marca de 23:55. Num dia em que o vento fez-se sentir, Reis acabou por não conseguir vencer a etapa, mas porque em prova está um Kasper Asgreen que bem tinha avisado que estava em Lagoa para ganhar (23:52).

O detentor dos títulos nacionais dinamarqueses, tanto de contrarrelógio, como de prova em linha, é um dos grandes destaques do World Tour em 2021, principalmente pela vitória no monumento da Volta a Flandres. Mas para Asgreen, o triunfo e a nova marca mais rápida em Lagoa também significou a reentrada na luta pela camisola amarela.

“Este é um contrarrelógio de força, de potência, mas no qual é muito difícil encontrar um bom ritmo, porque há muitas curvas, é muito técnico e realmente faz a diferença reconhecer o percurso. Tive a sorte de termos estado aqui em estágio por várias vezes nos últimos anos e apesar de correr pela primeira vez a Volta ao Algarve conhecia muito bem o percurso. Tive um bom feedback dos meus colegas que fizeram primeiramente a prova e optei, na segunda metade, por acelerar a fundo e, sinceramente, acho que foi aí que ganhei”, referiu o vencedor do dia.

E acrescentou: “Informaram-me que o Benjamim Thomas tinha o melhor tempo do percurso e quando bati o seu registo sabia que tinha agora o recorde deste contrarrelógio. Mais importante, no entanto, foi ter salvaguardado o longo historial de vitórias da equipa nesta especialidade e conseguir mais um triunfo aqui no Algarve.”

Saltou para o terceiro lugar, a 21 segundos de Ethan Hayter. Começou o dia a 1:23 minutos. O ciclista da Ineos Grenadiers estava a realizar um bom contrarrelógio, até que sofreu uma queda que o deixou maltratado do lado esquerdo do corpo. Apesar do tempo perdido, pois ainda teve de mudar de bicicleta, Hayter mostrou o seu caráter, e deu tudo para minimizar possíveis perdas. No final, a primeira parte muito boa do seu contrarrelógio acabou por ter a sua influência.

Apesar de João Rodrigues (W52-FC Porto) também ter feito um bom esforço individual, irá para a derradeira etapa – que terminará no Malhão – com segundos para recuperar, depois de ter começado o dia com o mesmo tempo, tal como Jonathan Lastra (Caja Rural), que desceu para a quinta posição, a 42 segundos de Hayter.

Outro ciclista a beneficiar de um bom contrarrelógio foi o francês da Arkéa Samsic, Thibault Guernalec, que ao ser quarto na etapa, ocupa agora a mesma posição na geral, a 22 segundos.

O Camisola Branca IPDJ, Sean Quinn, também saiu de Lagoa satisfeito. Não só manteve a liderança da juventude, como é agora nono na geral, a 1:37 minutos. Uma boa semana para o jovem americano em Portugal, que no domingo passado venceu a Clássica da Arrábida.

Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep) tem a Camisola Verde Crédito Agrícola, dos pontos, virtualmente garantida depois das duas vitórias ao sprint em Portimão e Tavira. João Rodrigues veste a Camisola Azul Lusíadas, da montanha.

Com a geral em aberto, o pelotão irá este domingo enfrentar a subida do Malhão, que só será feita uma vez nesta 47ª edição da Volta ao Algarve. Etapa curta (170,1 quilómetros), com início em Albufeira, e que terá muito sobe e desce. Só na fase final do dia, os ciclistas terão uma sucessão de subidas exigentes, antes da escalada do Malhão (2,6 quilómetros com inclinação média de 9,2%). As restantes subidas estão colocadas em Vermelhos (3,2 km a 5,9%, a 43,1 km da chegada), Ameixeiras (1 km a 14%, a 32,2 km da meta) e Alte (2,1 km a 5%, a 14 km do final).

CLASSIFICAÇÃO COMPLETA.