Primeiro teste da época, primeira vitória. David Gaudu não perdeu tempo em abrir a contagem em 2022. Está a começar a temporada na 48.ª edição da Volta ao Algarve e juntou o seu nome a uma crescente lista de prestígio de vencedores no Alto da Fóia, em Monchique. O francês da Groupama-FDJ é também o novo líder, mas apenas um segundo o separa de seis ciclistas.
Foi um final emocionante, muito bem preparado pela equipa de Gaudu. Stefan Küng foi um senhor gregário, ainda que antes tenha sido a INEOS Grenadiers a impor um ritmo fortíssimo durante muitos quilómetros. Ainda na subida à Picota, partiu por completo o pelotão, além de ter acabado com a fuga.
A ascensão de segunda categoria preparou o espectáculo para a Fóia. Geraint Thomas – um vencedor em duas ocasiões da Volta ao Algarve – foi o primeiro a meter um ritmo alto e que não mais abrandou. Na frente ficou um grupo com praticamente todos os principais favoritos. INEOS Grenadiers quase com a equipa completa (quatro corredores ficaram no top dez) e a Groupama-FDJ com o senhor Küng no apoio a Gaudu, além de Sergio Higuita (Bora-Hansgrohe) e Tobias Foss (Jumbo-Visma) sempre bem colocados.
Estes dois ciclistas acabaram por marcar os metros finais pela pior razão. Antes, Frederico Figueiredo (Glassdrive/Q8/Anicolor) tentou surpreender, mas as duas equipas do World Tour referidas não permitiram surpresas. Após a curva que deixou à vista a meta na Fóia, Foss e Higuita tocaram-se e caíram. Gaudu não se assustou, mostrando que, numa altura em que a Groupama-FDJ lhe pede que comece a assumir cada vez mais a liderança da equipa nas grandes provas, está a trabalhar rumo ao principais objetivos somando as sempre motivantes vitórias.
Além de ser a sua primeira logo ao segundo dia de competição em 2022, Gaudu realçou a importância de também abrir a contagem da Groupama-FDJ que, até à Fóia, estava a zero esta época. Gaudu elogiou o trabalho da equipa, principalmente de Küng e mostrou que a subida à Fóia estava bem estudada.
“Queria estar na frente, sei que o sprint é rápido”, afirmou, referindo como o vento de frente e depois cruzado dificultou a etapa. Apesar do triunfo e de vestir a Camisola Amarela Turismo do Algarve, o francês de 25 anos não assume que irá tentar ganhar a classificação geral.
“Penso que será difícil, o contrarrelógio é muito longo. Mas temos uma vitória de etapa e sabemos que o Stef [Küng] pode ganhar o contrarrelógio. Quero ver o meu progresso no contrarrelógio e talvez possamos ganhar [a tirada de sábado] e a última etapa. A geral veremos depois do contrarrelógio”, admitiu.
Longa fuga, mas World Tour domina na Fóia
A história na Fóia tem sido feita recentemente com vitórias de ciclistas do World Tour. Alguns já de relevo, outros no início de uma grande carreira: Tadej Pogacar e Remco Evenepoel, por exemplo. Gaudu é mais um jovem a vencer, mas antes, os protagonistas da segunda etapa foram outros.
Unai Iribar (Euskaltel-Euskadi), Nicolas Zukowski (Human Powered Health), Tomás Contte (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), César Martingil (Rádio Popular-Paredes-Boavista) e João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) formaram a fuga do dia pouco depois do início dos 182,4 quilómetros, em Albufeira. O último partiu em defesa da Camisola Azul Lusíadas. Matias foi segundo na terceira categoria da Pomba (109,7 quilómetros), com Contte a vencer.
Porém, o pelotão não deu hipótese e a fuga já nem na Picota (segunda categoria aos 167,3 quilómetros) passou na frente. Matias bem tentou, mas conquistar a Fóia valeu a liderança na montanha a Gaudu. Ainda assim, Matias irá partir esta sexta-feira de azul, ainda que por “empréstimo”, tendo menos um ponto que o francês.
Fabio Jakobsen e Remco Evenepoel, ambos da Quick-Step Alpha Vinyl, mantêm a liderança nos pontos e na juventude, respetivamente. Ou seja, vestem a Camisola Verde Crédito Agrícola e a Branca IPDJ.
Luta interessante pela geral
A Fóia não criou grandes diferenças. Brandon McNulty (UAE Team Emirates), Remco Evenepoel (Quick-Step Alpha Vinyl), Ethan Hayter (INEOS Grenadiers) – vencedores na Fóia em 2020 e 2021 – Daniel Martínez (INEOS Grenadiers), Julien Bernard (Trek-Segafredo) e Sven Erik Bystrom (Intermaché-Wanty-Gobert Matériaux) estão a apenas um segundo de Gaudu.
Tony Gallopin (Trek-Segafredo) está a oito, Thomas Pidcock e Dylan van Baarle, ambos da INEOS Grenadiers, a 17 e 18.
Se esta sexta-feira a etapa mais longa da Volta ao Algarve (211,4 quilómetros entre Almodôvar e Faro) é novamente para os sprinters, sábado haverá um contrarrelógio de 32,1 quilómetros e domingo o Malhão irá definir o campeão.