Fabio Jakobsen, o imbatível

Dia mais longo na 48.ª edição da Volta ao Algarve. Foram 211,4 quilómetros de Almodôvar a Faro, num final diferente das recentes edições, mas com um espectacular sprint que deu a Fabio Jakobsen (Quick-Step Alpha Vinyl) o pleno nas vitórias nestas etapas que lhe assentavam tão bem. Dois sprints, dois triunfos em que não deu hipótese à concorrência.

Depois de Lagos na primeira tirada, foi na capital de distrito que o neerlandês elevou a contagem pessoal nesta corrida para quatro conquistas, em todas as suas participações.

“A equipa fez um trabalho perfeito, em especial o Kasper Asgreen, que me protegeu durante toda a etapa. Muitas das vezes é isso que conta. Nos últimos dois quilómetros estivemos sempre na frente, entre os dez primeiros. A reta da meta tinha 400 metros, lancei o meu sprint nos últimos 200 e forcei até vencer”, contou o sprinter.

Acrescentou: “O Bryan Coquard, é um sprinter que se dá bem nestas chegadas, arrancou ao mesmo tempo, mas tive as pernas mais fortes. Ainda vi o Tim Merlier aproximar-se mas não me podia passar pela esquerda e estou feliz por ter vencido aqui em Faro.”

Muita atenção para evitar percalços

Enquanto os ciclistas que vão ter um fim de semana intenso na discussão pela classificação geral tiveram uma etapa em que foram obrigados a estar atentos e evitar algum percalço que lhes fizesse perder tempo, as equipas dos sprinters estiveram em ação para garantir que a fuga com sete corredores nunca fosse um perigo. A Groupama-FDJ manteve sempre David Gaudu, detentor da Camisola Amarela Turismo do Algarve, bem colocado.

Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi), Rafael Lourenço (Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel), Rafael Silva (Efapel Cycling), Afonso Eulálio (Glassdrive-Q8-Anicolor), Afonso Silva (Kelly-Simoldes-UDO), Nicolas Sáenz (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) e Samuel Caldeira (W52-FC Porto) formaram a fuga do dia. Foram dividindo as metas volantes e também o Prémio da Montanha de Pisa Barro, ganho por Rafael Lourenço.

O corredor da formação algarvia também foi primeiro na meta volante do Restaurante Alpendre, com Rafael Silva e Samuel Caldeira a vencer em Almodôvar e Alcoutim, respetivamente.

Porém, foi na subida, também de quarta categoria, de Bengado, que se viu a primeira mexida relevante. A Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados colocou-se na frente de um pelotão até então comandado ou pela Alpecin-Fenix, ou pela Quick-Step Alpha Vinyl e também pela Cofidis, equipas com sprinters.

Objetivo da formação portuguesa? Anular a fuga e assim permitir que João Matias fosse primeiro no Prémio do Montanha de Bengado e recuperar a liderança nesta classificação da Camisola Azul Lusíadas, que havia perdido na Fóia para Gaudu. E assim foi.

Estavam decorridos 186,1 quilómetros. Depois, Fábio Costa e Afonso Eulálio (Glassdrive-Q8-Anicolor) e Hugo Nunes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) tentaram escapar, mas sempre com o pelotão atento, nesta fase também já com a Intermaché-Wanty-Gobert Matériaux, de Alexander Kristoff, a ajudar na perseguição. Faro tinha mesmo à espera uma chegada ao sprint, com a cidade a não receber um final de etapa desde 2008, quando ganhou o alemão Robert Förster (Gerolsteiner).

Foi uma chegada numa reta com alguma inclinação. Nada que incomodasse o homem do momento. Fabio Jakobsen está numa forma imbatível e Tim Merlier (Alpecin-Fenix) – segundo classificado – de imediato reconheceu isso ao cortar a meta, cumprimentando o neerlandês.

Este triunfo também praticamente garante a classificação dos pontos, com Jakobsen a ser dono e senhor da Camisola Verde Crédito Agrícola. “O verde [camisola] é a cor dos sprinters. Já vesti esta camisola na Volta a Espanha e espero conquistar esta classificação se conseguir terminar depois de amanhã”, afirmou.

Jakobsen soma 50 pontos, contra os 36 do sprinter da Cofidis, Bryan Coquard. A Quick-Step Alpha Vinyl mantém também a Camisola Branca IPDJ (juventude) com Remco Evenepoel.

Contrarrelógio longo no fim de semana de decisões

Este sábado, o longo contrarrelógio entre Vila Real de Santo António e Tavira (32,2 quilómetros) irá ajudar a definir uma classificação geral completamente em aberto. Gaudu tem apenas um segundo de vantagem sobre seis ciclistas e a quarta etapa favorece os homens mais fortes nesta especialidade. E domingo, é dia de subir ao Malhão e conhecer o vencedor da Volta ao Algarve.

Não será fácil para David Gaudu manter a liderança. “Será difícil conservar a camisola amarela no contrarrelógio. Quero fazer o melhor possível. Trabalhei bastante na minha posição e espero ver alguma evolução. No entanto, a aposta da equipa é o Stefan Küng [bicampeão europeu da especialidade], esperemos que possa ganhar. Corredores como o Remco (Evenepoel) ou o Brandon Mcnulty são mais rápidos, mas espero ter ainda uma resposta a dar na última etapa”, referiu o francês.

 

CLASSIFICAÇÃO COMPLETA

ORDEM DE SAÍDA PARA O CONTRARRELÓGIO