Ao segundo dia, a tradição mantém-se com o Alto da Fóia, em Monchique, a prometer fazer a primeira seleção entre aqueles que ambicionam a Camisola Amarela Turismo do Algarve. Será uma etapa que de plano terá pouco, com o sobe e desce constante a significar 4100 metros de acumulado no final dos 182,8 quilómetros. É o momento dos candidatos se apresentarem.
Com Sagres a ser o palco do arranque (12h45, partida simbólica), depois da meta volante em Aljezur, a primeira dificuldade surge ainda antes dos 50 quilómetros, com a subida de Marmelete. Sempre em terreno ondulado, serão os últimos 30 quilómetros que vão testar o pelotão. A meta coincide com um prémio de montanha de primeira categoria, a subida de Monchique até à Fóia (7,5 km com 7,3% de inclinação média). A 6,2 quilómetros do início da subida da Fóia os corredores passarão pela Pomba, subida de segunda categoria com 3,6 quilómetros e uma pendente média de 8,2%. A terceira categoria, em Alferce (5,7 km a 6,2%), a 26,4 quilómetros da chegada marca o arranque da fase dura da jornada.
Se a 47.ª edição começou com um dos melhores sprinters mundiais a vencer – Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep) – na Fóia também grandes nomes lá têm ganho e tem sido uma subida influente na classificação final. Michal Kwiatkowski (2018), Tadej Pogacar (2019) e Remco Evenepoel (2020) são exemplo disso mesmo. Ganharam a etapa e depois a geral.
Para esta quinta-feira, Iván Ramiro Sosa é uma forte possibilidade para continuar a tradição da Ineos Grenadiers em lutar pela geral da Volta ao Algarve. É mais um jovem colombiano (23 anos) a subir na hierarquia da equipa e apresenta-se na corrida portuguesa com liberdade, podendo ambicionar juntar a Volta ao Algarve ao Tour de la Provence, que conquistou em fevereiro.
Um potencial rival é mais um jovem ciclista também a ganhar estatuto, mas na Bora-hansgrohe. Lennard Kämna, 24 anos, já com vitórias de etapa na Volta a França e Critérium du Dauphiné, sendo ainda especialista no contrarrelógio: campeão do mundo de sub-23, em 2017. Este ano, já venceu uma tirada na Volta à Catalunha e está focado em preparar o Tour.
Não se pode deixar de fora um campeão do mundo! Rui Costa está no Algarve como líder da UAE Team Emirates. Já sabe o que é fazer pódio: 2014, então precisamente com a camisola do arco-íris. Este ano enverga novamente a de campeão nacional e em 2021 tem procurado uma vitória, tendo na recente Volta à Romandia mostrado estar num bom momento.
Quem se intromete nesta luta? As previsões do vento podem contribuir para o aumento de dificuldade da etapa, numa Volta ao Algarve que tem tudo em aberto para quem ambiciona a camisola amarela Turismo do Algarve que Bennett veste depois da vitória em Portimão.
O pelotão conta ainda com trepadores com provas dadas ao longo dos anos, alguns com prestações de relevo nas últimas semanas. É o caso do recente vencedor da Volta à Turquia, José Manuel Diáz (Delko), ou de dois corredores que se bateram com os melhores nas subidas da Volta à Comunidade Valenciana, Élie Gesbert (Team Arkéa-Samsic) e Rémy Mertz (Bingoal Pauwels Sauces WB), terceiro classificado, domingo, na Clássica da Arrábida.
Diego Rosa (Team Arkéa-Samsic) e Odd Christian Eiking (Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) são outros trepadores de qualidade, assim como alguns corredores do pelotão nacional, que irão, por certo, entrar nas contas do top 10 final. Neste aspeto merece relevo o bloco da W52-FC Porto composto por Amaro Antunes, João Rodrigues e Joni Brandão, mas também Frederico Figueiredo (Efapel) ou a dupla da Tavfer-Measindot-Mortágua que tão bem se tem portado nas últimas corridas portuguesas, Tiago Antunes e Joaquim Silva.